Projeto Tocantins · Tô não tô

Isso sim é o Brasil

Estive em Prata, uma cidade que fica no pontal do Triângulo mineiro e estou mais convencida de que aquilo sim é a cara do Brasil. Vejam o que encontrei por lá:

1. Calor
2. Para jantar, espetinho, caldo e aipim
3. Pimenta, muita pimenta
4. Carro de som comunicando a morte e convidando para o velório

E o que não encontrei por lá:
1. Coentro (ufa!)
2. Taxímetro – a viagem custa 10 reais pra qualquer canto da cidade
3. Tampo no vaso sanitário dos banheiros de locais públicos

Tô não tô

Me mandem de volta!!

A pessoa volta pra civilização e acha que ainda está morando no interior. Vejam o que aconteceu comigo ontem e me digam se não é pra me mandar de volta pro TOCA:

Fui a um evento na Assembléia Legislativa e tive que rodar muito lá pra achar uma vaguinha pra deixar o carro.

Rodei, rodei, rodei… até que achei a última vaga num lugar que nem estacionamento é. É uma pista de uma via movimentada que virou estacionamento ao longo dos anos. Tinha um guardador, que me orientou na baliza e só por isso concordei em lhe dar um real. Na hora ainda caiu uma moedinha no chão e eu falei que ele podia ficar com ela. Ele me pediu mais, eu disse que não tinha trocado, era só o que eu tinha. E ele “mas eu tenho troco!” .. Pode?

Enfim, o caso é que eu fui pro evento, fiquei umas três horas lá e quando saí, já à noite, só restava o meu carro e nada do guardador.

Acreditam que quando eu cheguei percebi que não tinha acionado o alarme? E pior, a janela tava abertona???

Fiquei mega assustada, entrei no carro e arranquei.

Nisso veio um guri acenando (percebi que não era o mesmo guardador do início porque esse tinha dois braços e aquele, só um)… ele tentou me fazer parar o carro, acho que queria falar comigo. Isso me assustou mais ainda e arranquei sem falar com ele.

Aí a ficha começou a cair… o carro passou três horas aberto, num lugar meio ermo, anoitecendo, no pé de um morro…

Olhei pra trás e vi que o banco estava vazio… me desesperei! Minha irmã que usa mais o carro, vive deixando uma bagunça ali atrás! Achei que os carinhas tinham feito uma limpa! E desandei a chorar.

Na hora que peguei a minha irmã, aos prantos, fui olhar com ela se tava faltando alguma coisa… e acreditam que o guardador escondeu as bolsas embaixo dos bancos?? Eu tenho certeza disso, porque elas não estavam ali quando entrei no carro…

Agora fiquei com o maior dos remorços… acho que vou voltar lá e recompensar quem quer que tenha cuidado do meu carrinho pra mim!

E acho também que aprendi a lição…

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O Psit

“Lá vem o Psit!”

É a senha. De bate-pronto, os mais vacinados colocam a mão sobre o copo, recolhem maços de cigarro e protegem seus pratos!

O Psit talvez seja a figura mais conhecida de Palm Springs. Ele anda pelo meio da rua, sem ligar muito que a calçada é logo ali. Sempre de roupas surradas e rasgadas, mas cada dia com uma roupa diferente. Não conversa, mas dá pra perceber que ele sempre sabe quando estão falando dele. Caminha com os pés descalços e sabe muito bem aonde ir nos determinados horários do dia.

Na hora do almoço, fica perto do restaurante de Palm Springs. Mas pela manhã ele já passou na padaria do supermercado Modelo e à noite sabe que canal é vagar pelos espetinhos e os bares. Ele fica na espreita e, quando menos se espera, avança na mesa de um incauto cliente em busca de um maço de cigarros, um copo de coca cola ou um pedaço de carne.

Tem gente que dá o que tem, só para que ele simplesmente saia dali. Só que o Psit sabe ser esperto quando quer e escolhe direitinho seu alvo. Ele já gravou quem tem cigarro e já vai direto pras mesas-chave.

É capaz de fumar um maço inteiro em menos de meia-hora, se tiver alguém para fornecer. Coloca o cigarro na boca e dá várias tragadas seguidas, sem se importar com a cinza acumulada na ponta, até que o último milímetro seja fumado.

Nas horas de folga, ele vaga pela rua sem destino, mordendo a parte gorda da mão e soltando grunhidos indecifráveis.

Cidade pequena é igual em tudo quanto é lugar, inclusive as das novelas. Quem não se lembra do Jamanta, Tonho da Lua, Emanuel? O Psit é o personagem doidinho de Palm Springs.

O Psit é daqueles de quem os adultos de afastam e as crianças têm medo.

Ele já fez um tratamento em Anápolis, patrocinado pela prefeitura, alguns mandatos atrás. Dizem que depois de internações e remédios fortíssimos ele chegou ao ponto de travar uma conversação com o motorista que o trouxe de volta. Chegou até a trabalhar. Mas aí não teve continuidade e voltou à estaca zero.

Reza a lenda que um dia algumas damas da sociedade, incluindo uma certa primeira-dama de então, resolveram fazer uma faxina no Psit. Levaram ele lá pro Apertado da Hora para um banho completo. Acontece que se encantaram com o tamanho do documento do rapaz, não resistiram e… ui, prefiro nem imaginar essa cena…

Psit com o documento à mostra, para desespero da Cláudia!
Outra mania do Psit é andar com os documentos à mostra (clique na imagem se tiver coragem)
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Minha Noite no Havaí

Uma pausa na nossa programação normal para acompanharmos o relato de um incauto aventureiro que teve o previlégio de presenciar um evento de grande importância da cultura local: o Baile do Havaí.


Minha Noite no Havaí


Palms Springs – TO, 01 de novembro de 2008.


Na cidade era só esse o comentário, o Havaí estaria entre nós, me sentia até confortado uma vez que tinha outros planos para a data e as surpresas do destino me fizeram mudar. Muita empolgação geral, a disputa de ingressos chegou até um inédito sequestro de 2 convites com pedido de recompensa por pistas sobre seu paradeiro. Isso mesmo, vou explicar!


Na véspera do evento histórico eu e outros guerreiros da tribo estavamos em um dos bares da cidade quando fomos abordados pela organização do baile no Havaí. Ávidos como sempre por um programa de gosto duvidoso, movidos pelo fascínio que as diversidadades culturais representam e num ímpeto incontrolável meu amigo adquire logo uma reserva de mesa com direito a 4 entradas que em ato de surpreendente bondade ele distribui entre os irmãos tribais.


Chegada a hora de sair do bar, acabamos por esquecer 2 dos preciosos convites do majestoso evento sobre a mesa que ocupávamos, os quais só notamos a falta no dia seguinte. Retornamos então ao local do desaparecimento e abordamos com uma sutileza digna da polícia carioca a moça que gentilmente nos atendia na noite anterior.


” Sim, confesso que fiquei com um deles, o outro um homem que levou!” Questionou então o assessor jurídico da tribo neste caso fazendo papel do lendário Cap. Nascimento. “Então, você vai devolver ele?” E a resposta: “posso até devolver, mas o que vocês me darão em troca como recompensa.” Pronto, estava caracterizado o primeiro pedido de resgate por um ingresso de festa que se tem notícia no Brasil! Para encerrar o caso entendemos que a recompensa (na verdade um castigo) seria a mesma ficar com o ingresso pra ela e assim o fizemos.


Chegou a hora!! Rumo ao Havaí, a comitiva dos guerreiros da tribo parte em 3 veículos numa sensacional carreata que muitos canditados a prefeito invejariam… Ainda nas proximidades do local nos confraternizamos com outros companheiros de eventos tribais, estavam presentes alguns dos Ava-lagazuis* e a cacique da tribo Ipekrenak*.


Na entrada recebi um colar ” havaiano” ridículo que mais caracteriza os nativos da Polinésia, mas tudo bem… Nota 6 para a organização no quesito fantasia. Esse grau de exigência com tudo que estou adquirindo tá me fazendo lembrar de uma amiga da tribo Dumondoxacali** que fica buscando a perfeição e inclusive esse hábito de ficar escrevendo… Temo ficar igual, isso deve ser contagioso. Falando nela, foi embora nesse momento, seduzida pelos prazeres e facilidades que a civilização branca (e loira) oferece e com isso perderá todos os bônus do Programa Funai de Milhagens.


Entramos! O local quente e abafado com apenas uma saída me fez de verdade sentir no Havaí e na sensação que seus habitantes devem ter nas erupções vulcânicas e evacuação das áreas. Nota 9 para a organização no quesito harmonia com o enredo.


Não podia faltar uma mesa de frutas e lá estava, notei logo a ausência de abacaxis (o Havaí tem um dos maiores índices de produtividade do mundo). Não tinha abacaxi mas tinha a nectarina e as maçãs, de clima sub temperado, os havaianos devem conhecer só por foto. Nota 2 em alegoria e adereços e mais uma vez me lembro da minha amiga exigente.


O clima havaiano estava muito bem, o único movimento que eu fazia de levar o copo até a boca me fazia suar em bicas. Logo descobrimos o melhor, mais confortável e mais disputado local da festa: o lado de fora.


Chamada para a banda, “Meninos da Cohab” (deve ser a sigla para Conjunto Havaiano do Brasil) e entramos novamente nas áreas em erupção para acompanhar. O som estridentende e sem acústica alguma associado aos havaianos que se esbaldavam em danças mesmo com o risco de uma desidratação eminente era tudo que eu precisava, que eu precisava para decidir voltar para casa (de onde não sei se devia ter saído). Notas 3 para bateria e 4 em evolução.


E até o próximo já anunciado para dia 22/11: “Fest Funk”… Na entrada o que receberemos? Uma camisa do Vasco, um colete a prova de balas ou uma corrente para o pescoço?

Autor desconhecido

*piada interna.

**sim, sou eu.

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Na farmácia

Tive que comprar um anti-inflamatório. Precisava de 5 comprimidos, mas só consegui achar em uma farmácia uma caixa de 14. Sabendo que havia também disponível em caixas de 7 unidades, procurei em to-das as farmácias de Palm Springs. Só achava de 14. Na minha última tentativa, deu-se o diálogo:

Dona da farmácia: Volta aqui amanhã que está vindo pelo ônibus.
Eu: Mas vem o de 14 ou de 7? Porque preciso só de 5…
Dona da farmáci: Vem só de 14.
Eu: Então não quero, obrigada, depois vou ter que jogar um monte de remédio fora.
Dona da farmácia: Ah, então faz assim… é que mandei buscar esse remédio pra mim. Quando chegar, eu abro o pacote e tiro os teus cinco comprimidos. Depois é só mandar alguém buscar no ônibus de segunda-feira.

não, não…só aqui no Toca mesmo… comprei o remédio a granel e ainda economizei mais de 60% do valor!

Projeto Tocantins

Velocidade Máxima

Inevitavel voltar de uma estada em Florianópolis sem fazer algumas comparações com relação ao modo de vida cidade grande versus cidade pequena. Desta vez, achei alguns pontos em comum.

Por exemplo: vagas de estacionamento.
Este é um grave problema de Florianópolis, no centro, na praia, no continente. Quando finalmente achamos uma vaga, descobrimos que ela já tem dono: o flanelinha. E ele cobra de 2 a 10 reais pra te emprestar a vaga por tempo indeterminado.

Em Palm Springs este problema também é muito sério. Na Avenida das Palmeiras, quando a gente acha que finalmente encontrou uma vaga, chega perto para estacionar descobre que ela jé tem dono: uma bicicleta. Que foi devidamente estacionada ali, apoiada no meio fio, ocupando quase o espaço de um carro. Eu, que não prezo muito pela estética na hora de estcionar, nem hesito muito e já deixo o carro lado a lado com as bicicletas (o que não é tarefa fácil, o risco de esbarrar numa delas é grande). O interessante é que normalmente as bici logo saem dali, o que deixa uma distância de quase 1 metro entre carro e meio-fio. Nem ligo.

Me estresso muito toda vez que tenho que estacionar na Av. das Palmeiras.
Outro grave problema das grandes cidades: O trânsito.

Em Florianópolis, como sempre em todos finais de ano, a velocidade máxima nas estradas raramente passava dos 40km/h, por causa do trânsito de turistas.

Já na Grande SS, a velocidade máxima não pode passar dos 40 km/h o ano inteiro, por causa do trânsito

de adultos que não usam a calçada nem por decreto
de crianças que acham que a rua é o quintal de casa
de cachorros que se acham no direito de dormir/caminhar/cruzar/se coçar no meio da rua
de galinhas atravessando a rua
de pintinhos seguindo as galinhas

O que torna a passagem por ali muito tensa.

Isso sem falar que qualquer velocidade acima de 30 km/h simplesmente não combina com a Grande SS.